A influência dos pais na construção da identidade dos filhos
Os pais são protetores dos filhos desde o primeiro contato com o mundo e são eles que ensinam tudo, sendo também os primeiros exemplos de vida. Eles estabelecem o vínculo da criança com o meio ambiente, desde que ela nasce até o decorrer da vida e isso influencia diretamente na construção da identidade. A psicóloga do Centro Educacional Sesc Cidadania, Thalita Martins, explicou como essa influência acontece e quando ela beneficia tanto os pais, quanto os filhos.
Segundo ela, é absolutamente normal que os pais e mães influenciem no processo de desenvolvimento humano. “Muito do que nós somos, adquirimos nesse contato familiar, e isso tem características muito importantes para a formação da nossa personalidade e também do nosso caráter”, ressalta.
Ela explica que apesar da relação parental ser a mais forte, ela não é a única que contribui para a formação da identidade da pessoa. “É importante lembrar que somos constituídos num meio biopsicossocial, então existe a influência hereditária que é genética, porém não é só isso que forma a nossa personalidade. Somos formados pelo nosso contato com o mundo, nós interagimos o tempo todo com condições ambientais, contextos sociais, como por exemplo, a escola”, pontua.
Conforme Thalita, a influência dos pais começa na infância, onde há uma relação de dependência maior e a formação do vínculo inicial e que se estende ao longo da adolescência. “Esses períodos são indispensáveis na formação da nossa personalidade, e a interação é necessária para a nossa construção como indivíduos. Nesses dois momentos a relação é mais evidente, pois a necessidade de instrução dos pais é maior”, destaca.
Em relação à proteção, a profissional garante que é preciso entender que os pais nunca vão conseguir proteger os filhos de tudo e de todos, mas quando há um esforço para esse excesso de proteção, isso pode privar o filho de desenvolver atitudes que serão importantes para a vida adulta dele. “Os pais se sentem nessa responsabilidade de estar sempre por perto e decidindo e cuidando, mas para um desenvolvimento saudável e funcional, eles precisam entender que o filho precisa ter autonomia para tomas suas próprias decisões. E isso vai preparar esse adolescente para lidar com as frustrações da vida adulta lá na frente”, pondera.
A psicóloga comenta que os adolescentes tendem a ter certa dificuldade para ouvir os conselhos dos adultos porque o adolescente é mais cheio de si, e está em fase de transição para a vida adulta. “Hoje, eles têm acesso maior a informação, acham que detém um pouco mais de conhecimento e uma segurança maior na hora de argumentar com os pais, mas é importante pensar que a relação com os pais precisa ser bem estabelecida. Se existir uma proximidade com harmonia, confiança e comunicação adequada, é bem mais simples para que os pais consigam construir uma relação mais saudável”, afirma Thalita.
Outro fator importante é que os pais precisam se preocupar com o que estão ensinando para os filhos com as ações e comportamentos no dia a dia, pois principalmente na infância eles repetem muito o que eles veem e isso vai contribuir para a formação dessa identidade. Segundo Thalita, é extremamente importante estar atento a comunicação entre pai e filho, ao exemplo que ele está tendo dentro de casa. Ela explica que às vezes o pai cobra do filho que ele não xingue, nem seja agressivo, mas em casa a criança está vendo isso o tempo todo, portanto é complicado para a criança elaborar a construção do certo e do errado. Sendo assim, o exemplo é a melhor maneira de construir bons hábitos para a vida dos filhos.
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