Dez mulheres, suas motos e uma longa viagem até o Deserto do Atacama
27 de setembro de 2019
Após se conhecerem pela internet, motociclistas com idades e profissões diferentes embarcam em um aventura que promete marcar suas vidas
Fotos: DivulgaçãoViagens de motocicleta ao Deserto do Atacama, no Chile, já não são mais novidade. Dezenas de homens pegam a estrada todos os dias. Mas que tal essa: um grupo de mulheres se conhece pela internet e resolve embarcar em uma aventura que promete marcar suas vidas! Essa é uma história incrível de amor pelas duas rodas, de união, superação e aprendizado, que vale o registro, conforme você confere a seguir.
Tudo começou com a dona de casa curitibana Telma Crummenauer. Após andar por 26 anos na garupa do marido, aos 46, pediu e ganhou uma moto. Passando por depressão, foi nela que encontrou forças para retomar o acelerador da sua vida. Foi a encontros, fez amizades, se reinventou. Mas como ainda não havia encarado uma longa viagem, ela se perguntou porque não comemorar os 50 anos na estrada?
“A motocicleta me salvou. Formei um motoclube de mulheres, as Filhas do Vento e da Liberdade, somos mais de seis mil interagindo pelo Facebook. Há muito tempo vinha pensando nessa viagem, foi quando eu conheci a Gean Neide, que já deu a volta ao mundo de moto, rodou por 65 países sozinha. Ela me disse para reunir a turma, que ela nos levaria, e cá estamos”, explica.
Gean também teve a vida transformada pela motocicleta. A militar de 51 anos fez sua carteira de habilitação apenas aos 46, após passar por um segundo divórcio. O plano inicial era economizar no dia a dia, mas logo veio à tona o sonho de viajar sozinha, se concretizando com o passeio de Natal (RN) até o Atacama. Depois, ela não parou mais, lançou livros e deu palestras.
“Me coloquei a disposição para ajudar a todas que gostariam de resignificar a sua própria história, assim como eu. Para mim, levá-las é antes de tudo uma experiência social, é a oportunidade que tenho de quebrar paradigmas impostos socialmente e auto impostos pela crença em que mulheres são incapazes até mesmo de conviver e aprender com colaboração mútua”, afirma.
Para a experiente Gean a viagem pode parecer fácil, porém, para as demais será tudo novidade. Assim como Telma, a maioria nunca viajou longas distâncias. São mulheres entre 37 e 69 anos, com profissões, estilos de vida e motos diferentes. Elas nunca se viram pessoalmente, mas estão incrivelmente conectadas, prontas para o encontro no dia 3 de outubro, em Foz do Iguaçu, para o início da Expedição Rosas do Deserto.
“Serão sete mil quilômetros em 26 dias. Não fizemos muitos planos, iremos no nosso tempo, andando em grupo, sem deixar ninguém para trás. Vamos enfrentar temperaturas entre 8 e 40 graus, talvez até neve. Iremos acampar pelo caminho, dormir em barracas, nos aventurar. Será uma grande experiência, uma oportunidade única de aprendizado e lições para todas nós”, finaliza Telma.
Quem são as Rosas do Deserto?
Kátia de Lima Silva – 53 anos, servidora pública aposentada, de Brasília (DF). Irá pilotar uma Tiger 1200 Explorer
Sulamita Morini – 58 anos, dona de casa, de Florianópolis (SC). Irá pilotar uma Kawasaki Vulcan 650
Sonia Anfuso – 56 anos, comerciante, de Tucumán – Argentina. Irá pilotar uma BMW GS1200
Telma Crummenauer – 50 anos, dona de casa, de Curitiba (PR). Irá pilotar uma Shadow 750cc
Simone Freire – 56 anos, engenheira, de Natal (RN). Irá pilotar uma Honda NC750
Polyana Iark – 39 anos, médica veterinária, de Curitiba (PR). Irá pilotar uma Honda NC 700
Gean Neide – 51 anos, militar, de Natal (RN). Irá pilotar uma Honda NC 700X
Silvana da Costa Santiago – 53 anos, advogada, de São Paulo. Irá pilotar uma Kawasaki Vulcan 650S
Luciana Nicoforenko – 37 anos, servidora pública, de Foz do Iguaçu (PR). Irá pilotar uma Kawasaki Versys 650
Graça Santos – 69 anos, professora, de Natal (RN). Irá pilotar uma CB 500