“Enel lucrou mais de R$1,5 bilhão em Goiás e remeteu todo o dinheiro ao exterior, diz Caiado”
29 de abril de 2019
Em entrevista transmitida em rede, para todo o Estado, o governador destacou que a empresa cobra tarifa muito alta do consumidor e não oferece serviço de qualidade
Foto: DivulgaçãoGoiânia – O governador Ronaldo Caiado fez mais um balanço de seus primeiros meses à frente do governo de Goiás, ao falar ao vivo a 35 emissoras de rádio sintonizadas em cadeia durante o programa “Fala Goiás em Rede”, transmitido pelas Rádios Brasil Central 1270 AM e 90,1 FM, na manhã desta sexta-feira (26/4). Dentre os temas abordados, um dos mais comentados foi a situação da Enel e a má qualidade dos serviços prestados pela empresa no Estado.
Questionado sobre o assunto, o governador informou que foi publicada, nesta sexta, 24, no Diário Oficial, a lei que sancionou o Projeto de Lei nº 757/19, de autoria do deputado Paulo Cezar Martins (MDB), que revoga a Lei nº 19.473/16 e a concessão de crédito outorgado de ICMS à Celg-D, atual Enel.
“Apesar de não fazer um trabalho para atender o consumidor goiano, ela teve uma lucratividade de mais de R$ 1,5 bilhão em 2018 e remeteu todo esse dinheiro para o exterior. Além do mais, cobra uma tarifa alta do consumidor goiano, que não tem a reciprocidade do investimento”, criticou Caiado.
O governador afirmou ainda que, em 127 dias de governo, já foram realizados 14 encontros com representantes da diretoria da Enel. “Quando entrei no governo, tive a coragem de enfrentar esta empresa. Não vamos admitir que façam apenas caixa para remeter para Roma, sem fazer aqui aplicação do dinheiro corretamente”, disse o governador, lembrando que há registros de residências que estão esperando pelo fornecimento de energia elétrica há cerca de três anos.
Caiado disse ainda que uma nova reunião entre a diretoria nacional da Enel e representantes dos governos estadual e federal está prevista para a próxima semana. “É urgente tirar Goiás dessa situação de garroteamento por falta de energia elétrica”, enfatizou.
Credeqs
Outro tema amplamente abordado durante a entrevista foi a situação dos Centros Estaduais de Referência e Excelência em Dependência Química (Credeqs). Sobre o assunto, o governador foi categórico ao afirmar que “as obras dos Credeqs são faraônicas, com custo altíssimo, e com resultados extremamente limitados”.
Segundo ele, é preciso ampliar o número de leitos destinados ao tratamento de dependentes de drogas e álcool, mas também se faz necessário instituir uma rede de apoio que preste assistência continuada aos pacientes para posterior reinserção na sociedade.
“Junto com a Secretaria de Cidadania, estamos ampliando convênios com instituições religiosas e associações constituídas legalmente, para desenvolverem esse trabalho de suporte e orientação. Aí, sim, teremos um maior percentual de recuperação. A experiência mostra que só tratar em Credeq, sem continuidade do tratamento, não funciona”, concluiu.
Caiado disse ainda que pretende desenvolver uma estrutura de atendimento a dependentes químicos nas Policlínicas que o governo quer construir, para descentralizar o atendimento de saúde. Assim, as Policlínicas poderão fazer este trabalho, deixando apenas os casos mais graves para Goiânia.
Ferrovia Norte-Sul
O governador também revelou sua expectativa em relação à Ferrovia Norte-Sul, que deve entrar em operação definitiva nos próximos anos de seu mandato. “Será a ressurreição do Norte goiano e do Vale do Araguaia”, aposta. Caiado comentou que o maior avanço em sua articulação, com o apoio do ministro da Infraestrutura,Tarcísio Freitas, e das bancadas goianas no Congresso, foi que, ao obter a outorga por mais 30 anos, a Vale do Rio Doce, como contrapartida, ficou encarregada de construir o trecho entre Mara Rosa e Campinorte.
“A ferrovia parte dali e vai até Água Boa (MT), passando perto de Nova Crixás e Mozarlândia. Assim, seremos competitivos, com uma ferrovia de 300 quilômetros que não contou com nenhuma verba de governo federal, mas de uma empresa, que irá finalizar o trabalho daqui a 4 anos”, projetou. O governador reforçou ainda que a visão logística do governo não pode se restringir a uma matriz de transportes limitada ao uso de caminhões e carretas.
Saúde, empreendedorismo e habitação
Questionado sobre a situação da Santa Casa de Misericórdia e do Hospital Evangélico Goiano, ambos em Anápolis, o governador lembrou que os repasses mensais foram regularizados, mas a gestão anterior deixou de fazer os repasses durante 13 meses, o que culminou em um débito com municípios, fornecedoras de medicamentos e Organizações Sociais (OS) que ultrapassa a cifra de R$ 750 milhões. O governador disse ainda que está promovendo um encontro de contas com as OSs que administram unidades de Saúde para a quitação de débitos.
Ao falar sobre políticas voltadas aos microempreendedores, Caiado destacou que o Governo do Estado dispõe hoje de R$ 7 milhões em linhas de crédito para capacitação. A respeito do Meio Ambiente, lembrou que o primo já falecido, o ambientalista Leolídio Caiado, foi um dos maiores defensores e estudiosos do Rio Araguaia, e que firmará parceria com o Governo do Mato Grosso, para que a política de fiscalização ambiental dos dois Estados seja unificada.
Perguntado sobre as políticas do governo para Habitação, o governador ressaltou que mais de 30 mil residências em Goiás não têm esgotamento sanitário, água tratada, energia elétrica ou parede de tijolo. E anunciou que os ministros da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, e da Habitação, Gustavo Canuto, virão a Goiânia para anunciar a liberação de R$ 150 milhões para obras de habitação em Goiás.