Governador encampa luta de produtores durante encontro com setor leiteiro
23 de julho de 2019
Em reunião na Faeg, Ronaldo Caiado manifestou apoio às demandas apresentadas, como previsibilidade de preço, e reforçou que medidas fortalecerão a economia goiana
Fotos: Octacilio QueirozGoiânia – A produção de leite, o preço e a forma de pagamento foram pauta de uma reunião entre o governador Ronaldo Caiado e produtores leiteiros na tarde desta segunda-feira (22/7), na sede da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg). No encontro, o governador se comprometeu a intermediar um diálogo para definir novas regras de mercado, que não prejudiquem o setor. “Vocês têm governador. Não há nada que me faça tomar atitude para penalizar o produtor rural. Isso seria negar minha história, minha vida”, frisou Caiado.
Dados da Faeg apontam uma redução drástica no valor pago pela indústria aos produtores leiteiros. Em junho/2019, o preço do litro variou de R$ 1,05 a R$ 1,70. Já em julho, o leite teve uma queda de preço de R$ 0,15 a R$ 0,45. A principal demanda apresentada pela categoria é a defesa da previsibilidade do preço. “Nunca exigimos preço fixo, mas pedimos uma sinalização se vai subir, ou cair, dentro de uma margem de erro para que o produtor possa buscar uma alternativa”, explicou o presidente da Faeg, José Mário Schreiner.
Dentro do que chamou de “pauta da dignidade”, Schreiner levantou outro tópico durante a reunião da Assembleia dos Produtores de Leite do Estado de Goiás, que é o prazo de pagamento. “Propomos reduzir esse prazo do dia 25 para, no mínimo, o dia 5 [de cada mês]. A indústria tem o seu prazo para pagar, o varejo também, mas quem acaba pagando a conta são efetivamente os produtores rurais. Eles que financiam toda a cadeia produtiva”, argumentou.
Caiado falou do seu histórico de luta pelo setor do agronegócio, que já dura mais de 30 anos, e reforçou o compromisso com os produtores rurais. O governador ressaltou a importância da categoria, que impulsiona a economia do Estado, e afirmou que buscará uma solução para as demandas. Para tanto, solicitou a criação de comissão responsável por continuar o diálogo até que ocorra um consenso. “Isso não é regra de mercado, não existe nenhuma atividade no mundo que seja dessa maneira. Vamos sentar e avaliar essa situação”, pontuou sobre as condições de pagamento.
Representando a classe produtiva, Gilberto Carneiro elogiou o pulso firme de Caiado à frente do Estado, a quem chamou de homem exemplar e de caráter. “As velhas práticas existem na cadeia produtiva do leite. O senhor, governador, foi eleito por nós com a esperança de acabar com isso. Nós não estamos órfãos. Acreditamos no senhor, no presidente Jair Bolsonaro, na ministra Tereza Cristina”, celebrou, ao ser aplaudido de pé por produtores goianos e de outros estados presentes, como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.
Incentivos fiscais
Levantamento feito pela Faeg indica que indústrias que têm incentivos fiscais concedidos pelo Estado estão importando leite da Argentina, Uruguai, Nova Zelândia e da Europa. E, mais, já têm seus custos subsidiados em seus países, o que acaba tornando a concorrência desleal. “Nós não podemos permitir isso”, disse José Mário Schreiner.
Na coletiva, Caiado respondeu à questão pontuando que não concederá incentivos fiscais para produtos importados de outros países. “Aquilo que for importado, como o leite em pó, não pode receber incentivo fiscal, porque eu estaria indo contra aquilo que a lei determina. A lei determina que eu dê incentivo para que a indústria instalada absorva aquilo que é produzido no Estado”, argumentou. “Não posso abrir mão de ICMS para um produto que tem a ampla oferta em Goiás e está sendo importado para penalizar o cidadão que está pagando imposto.”
Participaram do encontro o secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Antônio Carlos Neto; os deputados estaduais Amauri Ribeiro, Wilde Cambão, Cairo Salim e Paulo César Martins; representantes do Ministério da Agricultura; o presidente da Comissão de Pecuária de Leite da Faeg, José Renato Kiari; o superintendente do Senar Goiás, Dirceu Borges; o prefeito de Luziânia, Cristóvão Tormim.