Idosos atendidos pela OVG ganham autonomia com inclusão digital
23 de Outubro de 2018
Fotos: Henrique LuizGoiânia – Os idosos estão cada vez mais conectados com as novas tecnologias. Por meio da internet, eles se comunicam com familiares e amigos, fazem compras, pagam contas, pesquisam, interagem nas redes sociais. A habilidade pode não ser mais a mesma, mas a vontade de aprender e usufruir de seus benefícios ajuda a superar os obstáculos. Nas quatro unidades da Organização das Voluntárias de Goiás (OVG), que atendem a terceira idade, é cada dia maior a procura pelo Projeto Cidadania Digital Já. A atividade, além de trazer mais autonomia aos frequentadores, contribui para memorização e melhora a coordenação motora.
A iniciativa, que começou em abril deste ano, é uma parceria entre a OVG, Secretaria de Gestão e Planejamento (Segplan) e Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SED-GO). As aulas promovem a inclusão digital dos idosos ao inseri-los no mundo da internet. Eles aprendem a navegar em dispositivos móveis, como tablets, smartphones e Smart TV.
As aulas são conduzidas de acordo com as necessidades dos alunos. A maioria, segundo a instrutora de inclusão digital do Centro de Convivência de Idosos Cândida de Morais (CCICM), Glauciene Carrijo, quer interagir com familiares e amigos. “Eles querem se comunicar com os filhos e netos, irmãos que geralmente estão em outras cidades. Então utilizam bastante o WhatsApp, aprendem a mandar mensagens de áudio, tirar fotos”, pontua, ao acrescentar que outro benefício proporcionado com o aprendizado é a maior autonomia. “Muitas idosas vendem Avon, Natura. Agora elas usam aplicativos das empresas e mandam seus pedidos sem precisar de ajuda de outras pessoas”, explica a instrutora.
A aposentada Maria da Luz, 72 anos, frequentadora da oficina no CCICM, frequenta as aulas desde o início do projeto e, agora, se sente mais segura e confiante ao manusear o celular. “Sempre tive que recorrer aos netos e eles nem sempre têm paciência. Depois que comecei a ter aulas, aprendi muito. Hoje consigo ver os horários dos ônibus pelo aplicativo, sei pedir Uber sozinha. Tenho uma filha que mora no Japão e outra no Tocantins, então converso, mando e recebo fotos, vídeos, tudo pelo WhatsApp”, diz entusiasmada.
Maria Luiza Costa, que também frequenta a atividade na unidade, gosta de conversar com os irmãos que moram em Anápolis. “Antes só sabia fazer ligação, agora ficou bem mais interessante porque mandamos fotos, vídeos. Depois que descobri essa tecnologia, me sinto menos sozinha”.
Agnelo Bernardes, 66, prefere ouvir música e jogar. “Tem sido um ótimo passatempo. Trabalhamos a memória nos aplicativos de jogos. Estou gostando muito”, garante.
Para o frequentador da Vila Vida, Walterci Cândido da Silva, 72 anos, tudo é novidade. “Não sabia nem ligar o celular. Agora aprendi a colocar o alarme e estou aprendendo a mandar mensagens”, comemora.
Memorização e coordenação motora
Na oficina, os idosos utilizam aplicativos educativos, que ajudam a melhorar a escrita, leitura e estimulam a memorização. “Temos um jogo, o Palavra Guru, por exemplo, que não precisa de internet e trabalha a formação de palavras, memorização e coordenação motora”, explica Glauciene Carrijo.
A aposentada Durcelina Espírito Santo de Matos, 78 anos, frequentadora da Vila Vida, está apresentando os primeiros sintomas de Alzheimer e conta que as aulas de inclusão digital estão ajudando muito. “Meu médico disse que o uso das novas tecnologias ajuda a memória. Então utilizo bastante o smartphone. Tenho instalado no meu celular diversos aplicativos e gosto de usar as redes sociais. Tenho Facebook, Instagram e WhatsApp”.
Perfil
Levantamento feito pela instrutora de inclusão digital do CCI Cândida de Morais, que avalia o grau de satisfação dos idosos no primeiro trimestre do Programa Cidadania Digital Já, na unidade, aponta que 85% dos idosos têm entre 60 e 70 anos e 15%, entre 70 e 80 anos. A pesquisa destaca ainda que 94% dos idosos que frequentam a oficina têm smartphone com acesso à internet e 100% deles têm suas necessidades e objetivos supridos no projeto.
Entre os aplicativos utilizados no dia a dia: 85% utilizam WhatsApp; 70% Facebook; 40% Youtube; 21% email; 12% Instagram; 3% jogos e 6% outros. “É bem interessante acompanhar a evolução do aprendizado deles e perceber que a tecnologia tem contribuído para melhorar a qualidade de vida dos idosos”, pontua Glauciene Carrijo.