Oscilação no preço dos combustíveis pode aumentar frota de motocicletas em Goiás
10 de Outubro de 2017
Fotos: Henrique LuizMarcos Araken
Goiânia – Após a Petrobrás oficializar, este ano, uma política flutuante de preços dos combustíveis no Brasil, ou seja, alterando o preço conforme a variação no mercado internacional, os postos têm alterado suas tabelas de maneira quase diária. Em um estabelecimento do Parque das Laranjeiras, região Sul da Capital, o litro do etanol chegou custar R$ 2,27 há duas semanas. Do dia para noite, remarcou o preço para R$ 2,99 e esta semana retornou para o patamar de dias atrás, cobrando R$ 2,37 pelo litro do combustível. Mais do que assustar os consumidores com a volatilidade, a nova política de preços pode estimular os consumidores a substituir o transporte do dia a dia, passando a utilizar mais motocicletas em detrimento dos automóveis.
Apesar de os emplacamentos dos veículos zero quilômetro em Goiás apontar um equilíbrio entre carros e motos, muitos estão optando pelo transporte em duas rodas, sobretudo para quem utiliza carros para fazer pequenas entregas.
É o caso do proprietário da Distribuidora de Gás Adonai, localizada no Jardim Bela Vista, na divisa entre Goiânia e Aparecida, Washington Luiz Fernandes. Ele trocou recentemente o meio de fazer entregas. Antes, utilizava uma VW/Saveiro. Hoje, utiliza uma Yamaha/Factor 150cc. O empresário gastava aproximadamente R$ 1,4 mil por mês com combustível. Agora, mesmo pagando prestações de R$ 349 da motocicleta que comprou zero quilômetro, afirmou fazer uma economia de cerca de R$ 800 mensais. “O lucro estava indo todo embora”, frisou.
Mesma atitude teve o dono da Panificadora Pão & Sabor, do Jardim Mariliza, em Goiânia. Ronielves da Costa utilizava um VW/GOL G3 para entregar pão francês e roscas para empresas na região. Há três meses, no entanto, após assustar-se com os R$ 40 diários que necessitava para fazer o trabalho, decidiu fazer as entregas com sua Honda/Fan 125cc. “Agora gasto em torno de R$ 10 diariamente, o que representa uma economia de pelo menos R$ 900 no fim do mês”, relatou o empresário.
Mudança ainda não é tendência
Essa mudança de postura em optar pelas duas rodas por conta do sobe e desce dos preços dos combustíveis, pode até se tornar uma tendência, mas ainda não refletiu no percentual de motocicletas emplacadas em Goiás, se comparado à quantidade de emplacamentos de carros de passeio.
Levantamento feito pelo Detran/GO revela que, entre setembro de 2015 e agosto de 2016 (12 meses), 33,08% dos emplacamentos no Estado eram de cliclomotores, motonetas e motocicletas. O percentual baixou nos 12 meses seguintes, caindo a participação dos veículos de duas rodas em relação ao total de veículos novos licenciados, com 29,23% da frota zero quilômetro que entrou em circulação no Estado.
Se o preço dos combustíveis vai levar os proprietários de carros, em Goiás, a migrar para as motocicletas ainda não se sabe. A motivação, entretanto, não deve ser a economia, que mostra sinais fortes de recuperação no Estado, cujo governo estadual publicou esta semana números segundo os quais o Produto Interno Bruto (PIB), que corresponde à soma de todas as riquezas produzidas, de Goiás cresceu 4,6 vezes mais que a média nacional no segundo trimestre de 2017. O PIB goiano, revelou o governo, avançou 1,4% no período, diante do mesmo período do ano passado. No Brasil, a alta foi de 0,3%.