Sem datas para depoimentos de Balestra e Sandes Júnior
Ministro do STF suspende depoimentos de políticos diante de conflitos entre procuradores do MPF e delegados da PF
O Ministério Público pediu e o relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, ministro Teori Zavascki, suspendeu uma série de depoimentos de partidos. Entre eles, estão os deputados goianos Roberto Balestra e Sandes Júnior, ambos do PP. Não há datas para os depoimentos dos dois parlamentares goianos, provavelmente ao procurador-geral da República.
Os investigados são citados em sete inquéritos diferentes do esquema de corrupção da Petrobras. O ministro Teori Zavascji suspendeu os depoimentos, a pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, mas não divulgou quais interrogatórios estão suspensos.
Ao todo, 48 políticos de sete partidos – PT, PMDB, PP, PTB, PSDB, PSB e Solidariedade – e dois operadores são investigados pelo Supremo.
Na decisão, Teori Zavascki concordou com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que quem define os passos da investigação é o Ministério Público.
Polícia Federal e Ministério Público vêm discordando da estratégia de investigação, a ordem e o número de depoimentos. Os policiais questionam o fato de o Ministério Público permitir que os investigados escolham o local dos interrogatórios.
Em nota, a Associação dos Delegados da Polícia Federal afirmou que há uma tentativa do Ministério Público de interferir nas apurações da polícia na Operação Lava Jato e que o objetivo é submeter a Polícia Federal ao procurador-geral Rodrigo Janot.
Já a Associação dos Procuradores da República defendeu a condução das investigações por Rodrigo Janot e afirmou acreditar que o comando não será abalado por insatisfações corporativas. A associação disse ainda que confia na Polícia Federal.
Dos sete inquéritos que tiveram os depoimentos suspensos, três também vão ter que voltar ao Supremo Tribunal Federal para análise de recursos. Políticos citados pediram arquivamento da apuração. Ao todo, a continuidade das investigações de nove inquéritos depende do julgamento desses recursos. Entre os políticos que questionaram a investigação estão o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e o ex-ministro Edison Lobão, os dois do PMDB, e o senador Antonio Anastasia, do PSDB.
Depoimento do MPF
Criminalistas que defendem dois parlamentares investigados na Operação Lava Jato admitiram que seus clientes foram convidados a prestar depoimento na sede da Procuradoria-Geral da República.
O líder do PP na Câmara Federal, deputado Eduardo da Fonte (PP/PE) chegou a desmarcar seu depoimento na Polícia Federal, adiantando que falará na sede do Ministério Público Federal.
“Recebemos uma ligação da procuradoria sugerindo o depoimento na PGR e eu aceitei”, afirmou o criminalista Marcos Gusmão, que defende o deputado Sandes Júnior (PP/GO).
“O deputado foi contatado. É só uma mudança de local. Não conheço ninguém que prefira ser ouvido numa delegacia policial”, constatou o ex-ministro Hamilton Carvalhido, que defende Eduardo da Fonte.
Citados por Janot
Os deputados federais goianos Roberto Balestra (PP) e Sandes Júnior (PP) apareceram na lista do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, encaminhada ao Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo instauração de inquérito contra políticos citados na Operação Lava Jato. A quebra do sigilo dos nomes envolvidos e a abertura de inquéritos para investigar as acusações foram autorizadas pelo STF.
Em 2014, a campanha eleitoral de Sandes Júnior (PP) recebeu R$ 175 mil em doações das empreiteiras OAS e UTC Engenharia, alvos da Lava Jato. Apesar disso, o goiano diz que as doações aconteceram através do partido. “O partido que me doou. É oficial”, conta. Roberto Balestra nega qualquer envolvimento com desvios de dinheiro da Petrobras e que não sabe por que seu nome aparece na lista do procurador-geral da República.
Os dois políticos goianos demonstraram surpresa ao saber da citação dentre os investigados. “Eu quase caí da cadeira quando ouvi meu nome no Jornal Nacional”, afirmou Sandes. “Eu não sei de nada”, falou Balestra, que negou envolvimento com o escândalo. “Meu envolvimento com a Petrobras é zero.”
Sandes Júnior comentou que nunca viu o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, nem o doleiro Alberto Youssef, delatores da operação da Polícia Federal e da Justiça Federal do Paraná (PF). “A única coisa que posso te dizer é que nunca estive pessoalmente com nenhum desses presos da Lava Jato. Eu conheço Paulo Roberto e o doleiro pela televisão”, explica Sandes.
O Partido Progressista (PP) é a sigla com o maior número de políticos investigados: são 32 dos 47 citados. (Com informações das agências Estado e Globo)
(DM)